Representação dos empregados pede que Caixa pague substitutos de função
Banco, Campanha Nacional, Movimento Sindical, Caixa
Banco acolhe reivindicações, mas ainda não deu nenhuma resposta concreta para as demandas apresentadas desde o início das negociações
A Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa Econômica Federal cobrou, na quarta-feira (7), durante reunião de negociação para renovação do Acordo Coletivo, a chamada “substituição em cascata”, nos casos de colegas que precisem cobrir as tarefas daqueles que precisarem se afastar temporariamente. E que sejam pagas as devidas gratificações das funções para todos os empregados que integrem a cadeia de substituições e ocupem as mencionadas funções.
“A pessoa que exerce uma função tem que receber pela função exercida. E quem a substitui tem que receber também. Mas existe um bloqueio que impede a substituição em cascata”, disse o representante da Fetec-PR, Felipe Pacheco. “A Caixa alega que tem que haver um mínimo de dias trabalhados na função para poder receber por esta função, mas quando é do interesse dela, consegue até pagar por minuto exercido”, disse, fazendo referência aos pagamentos para quem exerce função de tesoureiro e caixa minuto.
>>>>> Leia também: Caixa: CEE cobra reconhecimento do trabalho de todas e todos
A Caixa disse que vai estudar a possibilidade da substituição em cascata, com o devido pagamento aos colegas.
Bônus
A CEE também reivindicou o reconhecimento do trabalho de todas as empregadas e empregados no pagamento do Bônus Caixa. “Há anos são feitos regulamentos para o Bônus Caixa sem a participação da representação dos empregados. Queremos trazer esse debate para a mesa”, disse o diretor da Contraf-CUT e coordenador da CEE, Rafael de Castro. “Não queremos tirar de quem já recebe, mas é ruim quando um setor é privilegiado. Se todo mundo participa do resultado, todos devem ser reconhecidos”, completou, ao acrescentar que é preciso amadurecer este debate para responder ao pedido que é feito em toda a rede de agências.
“A forma de atingimento de metas dos gerentes gerais é, via de regra, reunir toda a equipe e dividir a meta. Eles envolvem todos os empregados na busca dessa meta. É o que ele chama de equipe”, disse o representante da Fetrafi-SC, Edson Heemann. “Quando a meta é alcançada, é sempre com a contribuição de todos. Não apenas das gerências. Nada mais justo que todas as pessoas que trabalham para atingi-la também recebam parte do bônus”, completou.
O coordenador da CEE observou que, a partir do momento em que foi instituído o pagamento do Bônus Caixa, houve um aumento do adoecimento mental dos trabalhadores. “A Caixa diz que o Bônus é pago somente às gerências pois trata-se de uma forma de promover lideranças sustentáveis. Mas o que percebemos é o aumento do adoecimento mental a partir de 2017, exatamente no ano em que o Bônus Caixa passou a ser pago”, disse Rafael.
Segundo o coordenador da CEE, as reclamações nas agências é que os gerentes pressionam a equipe para cumprimento da meta para que ele receba a premiação. “As pessoas são pressionadas a cumprir uma meta sem que isso lhes traga qualquer benefício. Isso não tem nada de liderança sustentável”, disse. “Como explicar para as empregadas e empregados que eles têm que aceitar a pressão pelo cumprimento de uma meta que não lhes trará nenhuma premiação? Se todos contribuem com o resultado, todos precisam ser reconhecidos”, continuou o coordenador da CEE.
Rafael também lembrou que, na reunião passada, a CEE reivindicou a equiparação da remuneração dos Gerentes Executivos de Varejo com os Gerentes de Rede e dos Gerentes de Varejo com os Gerentes de Carteira, e que isso inclui o pagamento do porte.
Transferências
Os empregados também reivindicaram que a Caixa crie um plano permanente de realocação de pessoas e que sejam observados os pedidos de transferências registrados no Movimenta.Caixa, antes das contratações de novos empregados aprovados no último concurso público. “Mas, com relação ao Movimenta.Caixa, é preciso haver a possibilidade para que, de fato, seja observado o interesse. Porque, no dia a dia, o que acontece é que isso não é observado e o gestor escolhe quem será transferido”, disse o representante da Fetrafi-MG, Lívio Santos.
Lucas Cunha, da Fetrafi-RS, reforçou o pedido, ao explicar que é preciso que existam critérios e formas pré-estabelecidas para as transferências e que elas sejam feitas com transparência.
“Nos casos de vacância de função, é preciso que o Movimenta.Caixa ‘saia da prateleira’ e seja efetivamente utilizado. É uma boa ferramenta, mas as pessoas registram seu interesse e ficam esperando. Não conseguem e assistem outras pessoas ocupando a vaga que gostariam”, ressaltou o representante da Feeb-SP/MS, Tesifon Quevedo Neto.
Os empregados também citaram problemas que estão acontecendo no processo de reestruturação da Caixa, com a transformação de agências físicas em digitais e o fechamento de algumas unidades.
“A Caixa disse que os empregados das unidades atingidas poderiam se inscrever para dizer qual sua preferência de lotação; que haveria prioridade para pais e mães de pessoas com deficiência. Mas, ao que nos parece, as superintendências não acessam o Movimenta.Caixa e estas prioridades precisam ser observadas. As transferências e lotações não podem ficar apenas nas mãos e seguir critérios pessoais dos gestores. Precisamos que haja uma ferramenta perene, que não deixe as transferências à critério dos gestores”, explicou a representante da Fetec-SP, Vivan Sá.
Sobre as transferências que estão acontecendo devido à reestruturação da Caixa, Vivian também lembrou da necessidade de garantia de manutenção da função e da devida remuneração. “A Caixa garantiu que ninguém seria prejudicado com a perda de função”, lembrou.
Endividamento
Também foram cobradas soluções para o endividamento dos trabalhadores e que o banco aplique a menor taxa que é concedida pelo banco para os empregados da ativa e aposentados nos casos de empréstimos consignados.
“Estamos preocupados com o endividamento e superendividamento dos empregados da ativa e aposentados. Quando inserimos no nosso ACT a menção de que a taxa a ser cobrada dos empregados era de nível 5, esta era a menor taxa aplicada pelo banco. Mas, hoje sabemos que o banco oferece taxas menores para outros segmentos de clientes. Temos que melhorar a redação da cláusula no ACT para deixar claro que a taxa para os empregados tem que ser a menor que pode ser oferecida”, observou o coordenador da CEE.
Outras questões
Funcef: A CEE voltou a cobrar que a discussão da proposta para o equacionamento dos déficits do plano REG/Replan, da Funcef, seja feita em mesa de negociações com a representação dos empregados participantes dos planos.
PLR Social de 2020: A representação dos empregados também cobrou solução para o pagamento a menor da PLR Social de 2020. O coordenador da CEE informou que, das 24 ações judiciais coletivas que pleiteiam a correção do valor sob responsabilidade do escritório jurídico que assessora a CEE, 13 já têm decisões favoráveis aos trabalhadores, inclusive algumas com sentença final, transitada em julgado. “Vamos resolver isso em mesa de negociação e acabar com esse problema?”, questionou.
Gipes e Repes: A representação dos empregados cobrou a rápida estruturação das Gipes e Repes, para que elas possam, o mais rápido possível, começar a desempenhar sua função e, desta forma, sejam solucionados problemas regionais que prejudicam o dia a dia de trabalho e a qualidade de atendimento do Saúde Caixa.
Mobilização
“O banco tem acolhido nossas reivindicações e dito que podem ser estudadas soluções, mas ainda não trouxe nada de concreto para que a gente possa apresentar para o conjunto das empregadas e empregados”, disse o diretor da Contraf-CUT e coordenador da CEE, Rafael de Castro. “A promessa era a de que no início de agosto as devolutivas sobre nossas reivindicações nos seriam apresentadas. Esperamos que na semana que vem sejam trazidas as respostas”, completou.
Na mesa única de negociações entre o Comando Nacional dos Bancários com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), as respostas dos bancos não têm sido tão diferentes e a representação sindical dos trabalhadores já agendou para o dia 12 de agosto (segunda-feira), um dia de mobilização nacional para cobrar respostas satisfatórias às reivindicações da categoria. “A orientação é para que as empregadas e empregados participem ativamente das atividades e estejam mobilizados para cobrar respostas da Caixa e da Fenaban”, orientou Rafael de Castro.