Violência contra LGBTQIA+ no trabalho é problema mundial

Pesquisa da UNI Global Union mostra que, no ambiente de trabalho e na sociedade como um todo, discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero foi confirmada nos quatro cantos do mundo e precisa ser combatida

Imagem ilustrativa

Discriminação nas candidaturas ao emprego, bloqueios às oportunidades e tratamento desigual para promoções são algumas das formas mais comuns de violência contra o trabalhador e a trabalhadora da comunidade LGBTQIA+ em todo o mundo. Essas informações foram confirmadas em uma pesquisa da Global Union (UNI), à qual a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) é afiliada. O levantamento foi feito com mais de 120 sindicatos de diferentes ramos profissionais, distribuídos em 51 países das quatros regiões de atuação da organização (Europa, Ásia e Pacífico, Américas e África).

No fundo, são duas sondagens que se complementam. A primeira busca compreender como as entidades associadas à UNI avaliam a situação e os avanços relacionados à comunidade, em seus respectivos países como um todo, bem como nos locais de trabalho. A segunda refere-se aos desafios enfrentados diretamente pela comunidade LGBTQIA+ no ambiente profissional. Ao todo, foram respondidos 1.327 questionários, sendo 958 para a primeira investigação e 373 para a segunda.


Avanços são imperceptíveis

Numa visão panorâmica, as entidades sindicais ligadas à UNI entendem que, nos últimos anos, houve avanços institucionais, que, de um modo geral, favorecem a proteção e a garantia dos direitos da comunidade LGBTQIA+ nas várias legislações nacionais. No entanto, quando se trata da manifestação direta dos trabalhadores e trabalhadoras que se identificam como LGBTQIA+, o progresso do arcabouço legal sobre o tema é visto como insuficiente, ou, na prática, sentido como insignificante ou invisível pelas pessoas.

É clara a percepção de que ainda há muito a se conquistar, e que a proteção jurídica precisa melhorar. Além disso, para que a lei se torne de fato efetiva, são necessárias campanhas educativas, que sensibilizem e conscientizem a respeito dos direitos LGBTQIA+, como caminho para eliminar as diferentes formas de discriminação e de violência de gênero e de orientação sexual. Segundo os entrevistados, essas ações devem, igualmente, abranger não apenas as legislações nacionais, como também tratados internacionais, para que esse movimento alcance as particularidades de cada país, bem como as de caráter cultural e religioso.

Conforme manifestação de Christy Hoffman, secretária-geral da UNI, “os sindicatos defendem e lutam pelos direitos da classe trabalhadora, pois é impossível ter salários justos ou trabalho digno sem sociedades justas e igualitárias, livres de qualquer forma de discriminação e de violência, para todas as pessoas. A discriminação com base na orientação sexual e na identidade de gênero não pode mais ser tolerada”.


Sindicatos precisam se mobilizar

Os dados levantados pela UNI mostram que, embora tenha havido progressos significativos para aumentar a visibilidade das questões LGBTQIA+, os sindicatos ainda devem trabalhar para mudar a situação e verdadeiramente representar todos os seus membros, e, assim, conseguir tratamento justo e a inclusão de todos trabalhadores e trabalhadoras, a despeito de sua identidade de gênero ou orientação sexual. Formação no tema, treinamento para entidades sindicais e medidas de inclusão universal são algumas das principais ações a serem empreendidas, para as quais os sindicatos devem estar de fato envolvidos com as redes LGBTQIA+, com o objetivo de entender os problemas enfrentados por elas. Tais questões continuarão a ganhar importância na agenda sindical.

Os resultados da pesquisa da UNI devem ser utilizados como ferramenta pelos membros afiliados como importante oportunidade para aprofundar as questões enfrentadas pela classe trabalhadora, para compartilhar as melhores práticas e buscar avanços na criação de sindicatos mais inclusivos e diversificados. Essa luta é de todos.

Na avaliação de Adilson Barros, membro da Executiva da Contraf-CUT e militante LGBTQIA+, “de fato o resultado da pesquisa, além de ser um marco para identificar o rosto dos trabalhadores e trabalhadoras LGBTQIA+, passa a ser uma ferramenta fundamental para ampliar e conquistar mais direitos no âmbito do trabalho. Não basta apenas buscar suas certificações ou colocar a bandeira do arco íris em suas marcas, é importante priorizar as contratações, sem olhar a orientação e identidade de gênero como critério de exclusão. E mais: são necessárias campanhas efetivas para aceitar e respeitar os LGBTQIA+, tornando assim, o ambiente inclusivo e muito mais saudável”.

Acompanhe nos próximos dias, aqui no site da Contraf-CUT, novas matérias sobre a pesquisa da UNI. A próxima será sobre violência contra LBGTQIA+ no ambiente de trabalho.

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